ESTOCOLMO – McDonald’s. Hilton. IKEA. Cada um destes titãs empresariais dispõe de uma enorme base de clientes. Mas o que a maioria dos seus clientes pode não se aperceber é que essas empresas são líderes na gestão dos oceanos: todas elas vendem pescado (tudo o que se pesca) sustentável. Isto é um precedente importante - mas não é suficiente.
Quando se trata de capturar e vender pescado, a palavra “sustentável” não é apenas um rótulo vazio. Representa responsabilidade em toda a cadeia de valor, começando no momento em que um peixe sai da água, para garantir que todo o processo é conduzido de forma a permitir que as pescarias - e o ecossistema oceânico - continuam a prosperar.
O movimento pelo pescado sustentável cresceu rapidamente. Há apenas 20 anos, a sustentabilidade era um conceito de nicho na indústria de pescado. Dificilmente alguém do ramo falava sobre isso. A maioria das empresas não reconhecia as consequências comerciais a longo prazo da pesca excessiva, quanto mais atribuir prioridade máxima à conservação.
Nessa altura, os grupos ambientalistas que defendiam o pescado sustentável foram recebidos com desconfiança ou até mesmo com total rejeição. Uma capa da revista Seafood Business, de 1997, afirmou que as empresas de pescado não deveriam “meter-se debaixo dos cobertores com os ambientalistas”.
Mas muita coisa mudou nos últimos 20 anos. Os consumidores de todo o mundo esperam cada vez mais que o pescado que compram - seja numa mercearia ou num restaurante de cinco estrelas - se qualifique como sustentável. O icónico rótulo azul da Marine Stewardship Council é hoje encontrado em quase 100 países, ilustrando a crescente procura por produtos de origem sustentável.
As pessoas estão a empenhar-se mais nas suas escolhas alimentares e os seus hábitos estão a evoluir. Esperamos que os nossos alimentos, que partilhamos com os nossos filhos, sejam seguros e nutritivos. Também esperamos cada vez mais que as empresas, cujos produtos consumimos, não contribuam para a pesca excessiva, para o aquecimento das águas e para a poluição que está a colocar pressão sobre os oceanos. Manifestamos essas expectativas no modo como gastamos o nosso dinheiro.
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Mas, igualmente importante, as atitudes entre os líderes da indústria também estão a mudar. Muitos estão agora a envolver-se com grupos de conservação marinha para arranjarem estratégias sobre como ajudar a pesca que está esgotada a recuperar e manter saudável a pesca próspera. Isso reflete em parte o seu desejo de satisfazerem os seus clientes. Mas, por muito que a deslocação da procura e o enfraquecimento da fidelidade à marca sejam negativas para as empresas, nada é pior do que a oferta estar esgotada. As empresas agora percebem que é impossível vender peixe se não sobrar nenhum para vender.
E são necessárias apenas algumas empresas para fazer a diferença. O pescado pode ser consumido por milhões em todo o mundo, mas é comercializado por apenas meia dúzia de empresas. Mudanças relativamente pequenas por parte de algumas entidades seriam, portanto, um longo caminho para proteger o futuro de toda a indústria.
Esse efeito é intensificado quando os principais intervenientes trabalham em conjunto para resolverem problemas na cadeia de fornecimento de pescado. Os esforços de colaboração entre os líderes da indústria, como a iniciativa Seafood Business for Ocean Stewardship (SeaBOS), já desempenharam um papel importante para impulsionar o progresso na sustentabilidade.
Até recentemente, as empresas internacionais de pescado poderiam ter parcerias personalizadas com ONG de conservação; mas não estavam a colaborar umas com as outras. A SeaBOS mudou isso. Uma iniciativa baseada na ciência, a SeaBOS contratou os CEO de dez das maiores empresas de pescado, com o objetivo de estimular mudanças transformadoras para a produção sustentável de pescado que apoie um oceano saudável.
Mas o trabalho do movimento de pescado sustentável está longe de estar terminado. Se quisermos verdadeiramente salvaguardar o futuro dos peixes, mais empresas de pescado têm de se comprometer com a sustentabilidade. Para aquelas que já o fizeram, o imperativo é recrutar as suas homólogas em todo o mundo - do Japão à China e ao Chile - para se juntarem ao esforço.
Além disso, numa altura em que a pressão sobre os oceanos está a intensificar-se rapidamente, grupos de defesa e cientistas têm de trabalhar de forma equitativa com pequenos pescadores e com as comunidades que dependem deles, para garantir que podem administrar o desafio de implementar práticas sustentáveis. E uma percentagem maior dos consumidores tem de ser ainda mais resoluta na exigência de uma cadeia de fornecimento transparente de pescado e no apoio à sustentabilidade com todas as compras. Ao escolherem o bacalhau do Pacífico, de origem ética, em vez do peixe misterioso com desconto, os consumidores impulsionam mudanças reais.
A tecnologia pode apoiar este emergente compromisso internacional com a sustentabilidade, inclusive facilitando a recolha de dados e a gestão dos oceanos. Em breve, a inteligência artificial poderá ser capaz de dizer aos pescadores exatamente onde eles podem capturar o maior número de peixes do tamanho necessário, minimizando os efeitos adversos nos ecossistemas. É provável que até antes disso, os consumidores possam vislumbrar toda a jornada de um peixe, desde o mar até a mercearia local, digitalizando simplesmente um código QR com os seus telemóveis.
A derradeira esperança, no entanto, é que o rótulo “sustentável” seja tão comum e legítimo que os consumidores um dia se surpreendam mais com a sua ausência do que com a sua presença. A expectativa predefinida - entre as empresas de pescado, gestores de pesca, grupos de conservação e consumidores - será que todo o pescado seja capturado de forma sustentável. Temos esperança de que a sustentabilidade se torne, em breve, a norma - numa questão de anos, não de décadas.
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In 2024, global geopolitics and national politics have undergone considerable upheaval, and the world economy has both significant weaknesses, including Europe and China, and notable bright spots, especially the US. In the coming year, the range of possible outcomes will broaden further.
offers his predictions for the new year while acknowledging that the range of possible outcomes is widening.
ESTOCOLMO – McDonald’s. Hilton. IKEA. Cada um destes titãs empresariais dispõe de uma enorme base de clientes. Mas o que a maioria dos seus clientes pode não se aperceber é que essas empresas são líderes na gestão dos oceanos: todas elas vendem pescado (tudo o que se pesca) sustentável. Isto é um precedente importante - mas não é suficiente.
Quando se trata de capturar e vender pescado, a palavra “sustentável” não é apenas um rótulo vazio. Representa responsabilidade em toda a cadeia de valor, começando no momento em que um peixe sai da água, para garantir que todo o processo é conduzido de forma a permitir que as pescarias - e o ecossistema oceânico - continuam a prosperar.
O movimento pelo pescado sustentável cresceu rapidamente. Há apenas 20 anos, a sustentabilidade era um conceito de nicho na indústria de pescado. Dificilmente alguém do ramo falava sobre isso. A maioria das empresas não reconhecia as consequências comerciais a longo prazo da pesca excessiva, quanto mais atribuir prioridade máxima à conservação.
Nessa altura, os grupos ambientalistas que defendiam o pescado sustentável foram recebidos com desconfiança ou até mesmo com total rejeição. Uma capa da revista Seafood Business, de 1997, afirmou que as empresas de pescado não deveriam “meter-se debaixo dos cobertores com os ambientalistas”.
Mas muita coisa mudou nos últimos 20 anos. Os consumidores de todo o mundo esperam cada vez mais que o pescado que compram - seja numa mercearia ou num restaurante de cinco estrelas - se qualifique como sustentável. O icónico rótulo azul da Marine Stewardship Council é hoje encontrado em quase 100 países, ilustrando a crescente procura por produtos de origem sustentável.
As pessoas estão a empenhar-se mais nas suas escolhas alimentares e os seus hábitos estão a evoluir. Esperamos que os nossos alimentos, que partilhamos com os nossos filhos, sejam seguros e nutritivos. Também esperamos cada vez mais que as empresas, cujos produtos consumimos, não contribuam para a pesca excessiva, para o aquecimento das águas e para a poluição que está a colocar pressão sobre os oceanos. Manifestamos essas expectativas no modo como gastamos o nosso dinheiro.
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E são necessárias apenas algumas empresas para fazer a diferença. O pescado pode ser consumido por milhões em todo o mundo, mas é comercializado por apenas meia dúzia de empresas. Mudanças relativamente pequenas por parte de algumas entidades seriam, portanto, um longo caminho para proteger o futuro de toda a indústria.
Esse efeito é intensificado quando os principais intervenientes trabalham em conjunto para resolverem problemas na cadeia de fornecimento de pescado. Os esforços de colaboração entre os líderes da indústria, como a iniciativa Seafood Business for Ocean Stewardship (SeaBOS), já desempenharam um papel importante para impulsionar o progresso na sustentabilidade.
Até recentemente, as empresas internacionais de pescado poderiam ter parcerias personalizadas com ONG de conservação; mas não estavam a colaborar umas com as outras. A SeaBOS mudou isso. Uma iniciativa baseada na ciência, a SeaBOS contratou os CEO de dez das maiores empresas de pescado, com o objetivo de estimular mudanças transformadoras para a produção sustentável de pescado que apoie um oceano saudável.
Mas o trabalho do movimento de pescado sustentável está longe de estar terminado. Se quisermos verdadeiramente salvaguardar o futuro dos peixes, mais empresas de pescado têm de se comprometer com a sustentabilidade. Para aquelas que já o fizeram, o imperativo é recrutar as suas homólogas em todo o mundo - do Japão à China e ao Chile - para se juntarem ao esforço.
Além disso, numa altura em que a pressão sobre os oceanos está a intensificar-se rapidamente, grupos de defesa e cientistas têm de trabalhar de forma equitativa com pequenos pescadores e com as comunidades que dependem deles, para garantir que podem administrar o desafio de implementar práticas sustentáveis. E uma percentagem maior dos consumidores tem de ser ainda mais resoluta na exigência de uma cadeia de fornecimento transparente de pescado e no apoio à sustentabilidade com todas as compras. Ao escolherem o bacalhau do Pacífico, de origem ética, em vez do peixe misterioso com desconto, os consumidores impulsionam mudanças reais.
A tecnologia pode apoiar este emergente compromisso internacional com a sustentabilidade, inclusive facilitando a recolha de dados e a gestão dos oceanos. Em breve, a inteligência artificial poderá ser capaz de dizer aos pescadores exatamente onde eles podem capturar o maior número de peixes do tamanho necessário, minimizando os efeitos adversos nos ecossistemas. É provável que até antes disso, os consumidores possam vislumbrar toda a jornada de um peixe, desde o mar até a mercearia local, digitalizando simplesmente um código QR com os seus telemóveis.
A derradeira esperança, no entanto, é que o rótulo “sustentável” seja tão comum e legítimo que os consumidores um dia se surpreendam mais com a sua ausência do que com a sua presença. A expectativa predefinida - entre as empresas de pescado, gestores de pesca, grupos de conservação e consumidores - será que todo o pescado seja capturado de forma sustentável. Temos esperança de que a sustentabilidade se torne, em breve, a norma - numa questão de anos, não de décadas.