MONTREAL – No dia 8 de junho, os líderes das maiores economias avançadas irão reunir-se para a cimeira anual G7, para discutirem os desafios mais prementes que o mundo enfrenta. Muitos dos pontos na ordem de trabalhos –das alterações climáticas à desigualdade –têm uma forte repercussão, em particular, para as pessoas que vivem em áreas urbanas, que constituem 54% da população mundial. E ainda assim, os governos municipais não estarão representados em nenhuma função oficial durante os encontros G7. Isto é um erro; se o objetivo é resolver os grandes problemas mundiais, então as cidades têm de fazer parte das conversações.
Historicamente, as cidades têm desempenhado um papel marginal nos debates globais. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, nas primeiras cidades proliferava a corrupção e o sectarismo; as políticas locais eram complicadas o suficiente. Mas os atuais centros urbanos são mais fortes a nível económico e mais ousados a nível político. A determinação das cidades do século XXI em agirem no seu próprio interesse tornou-se clara no final de 2017, quando mais de 50 presidentes de câmara dos EUA comprometeram-se em respeitar os compromissos do Acordo de Paris sobre o clima de 2015 –desafiando diretamentea retirada do acordo por parte do presidente Donald Trump.
Esta semana, os representantes de Montreal e de 10 mil outras cidades de todo o mundo irão emitir uma mensagem semelhante ao G7. Irão apresentar uma declaração que inclui um conjunto diversificado de perspetivas municipais referentes aos temas principais da cimeira e incita os governos nacionais a colaborarem de forma mais próxima com os seus representantes locais. Estes requisitos e a forma como estão a ser realizados, serão uma novidade numa cimeira G7. O objetivo é tornar a exceção em regra.
No entanto, mesmo sem um lugar na mesa, muitas das megacidades mundiais –movidas por um sólido capital humano, mercados competitivos e por um apelo generalizado –já estão a trabalhar no sentido de criarem um futuro mais progressivo, inclusivo e sustentável. De Buenos Aires a Tóquio, os dirigentes das cidades estão a dar a conhecer as suas preocupações a uma escala mundial –independentemente, muitas vezes, das agendas nacionais.
As pequenas e médias cidades também estão a promover os seus perfis internacionais. Ao investirem num planeamento urbano “inteligente” e “resiliente”, os governos que vão desde a cidade de Bordeaux, em França, até à cidade de Curitiba, no Brasil, estão a fortalecer as suas identidades corporativas e a atrair talento, investimento e empresas de todas as partes do mundo.
A autora e ativista urbana americana e canadiana, Jane Jacobs, constatou reconhecidamente que as cidades são os verdadeiros motores da prosperidade nacional. As cidades potencializam o crescimento através da inovação, do comércio e das trocas. E os serviços das cidades são muitas vezes mais visíveis para os cidadãos do que a ajuda federal; veja-se, por exemplo, quem é que dá resposta durante um acidente de viação ou um desastre natural.
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Não há dúvida de que as cidades enfrentam, presentemente, muitos desafios. À medida que as áreas urbanas crescem, os dirigentes são obrigados a alterar o modo como planificam. No meio de contenções de orçamentos, os governos municipais estão a afastar-se dos sistemas excessivamente burocráticos e a caminhar em direção aos que incentivam níveis mais elevados de empreendedorismo. Mas, tal como o presidente de câmara de Chicago, Rahm Emanuel, referiu no mês passado, isso foi positivo para muitas cidades, permitindo-lhes tornarem-se campos de testes para o futuro da mobilidade, do emprego, da habitação, da energia, da educação e da saúde.
“Daqui a vinte anos”, disse Emanuel aos seus colegas presidentes de câmara na cidade de Nova Iorque, veremos “um ponto de inflexão onde o estado-nação está em declínio e a cidade-estado à la Singapura está a impulsionar a atividade cultural e económica”.
É claro que nem todas as cidades têm os mesmos recursos, influência ou necessidades que Chicago ou Singapura. Mas qualquer dirigente municipal pode, nos nossos dias, valorizar a importância de se estar na linha da frente da mudança. Inspirados por esta solidariedade e ligados através de redes como Metrópole, Cidades C40 e 100 Cidades Resilientes, os dirigentes municipais estão em todo o lado a tecer parcerias para criarem agendas urbanas unidas.
Em quase todas as vezes, em praticamente todas as questões importantes, os governos nacionais não estão a conseguir fornecer soluções, enquanto os dirigentes municipais continuam a inspirar confiança pública. De acordo com uma pesquisa de 2017 realizada pelo Centro de Investigação Política do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po Paris), 64% dos adultos franceses acreditam que o seu presidente de câmara local está a trabalhar mais arduamente do que o órgão executivo para resolver os problemas diários. Não há dúvida de que muitos outros habitantes das cidades sentem o mesmo.
Este é um momento oportuno para os dirigentes municipais se tornarem atores globais. Quando reuniões como a cimeira G7 são convocadas para se discutir os desafios mais difíceis do mundo, as pessoas que estão mais próximas desses desafios, que terão provavelmente as perceções mais valiosas sobre como superá-los, devem estar na sala.
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In 2024, global geopolitics and national politics have undergone considerable upheaval, and the world economy has both significant weaknesses, including Europe and China, and notable bright spots, especially the US. In the coming year, the range of possible outcomes will broaden further.
offers his predictions for the new year while acknowledging that the range of possible outcomes is widening.
MONTREAL – No dia 8 de junho, os líderes das maiores economias avançadas irão reunir-se para a cimeira anual G7, para discutirem os desafios mais prementes que o mundo enfrenta. Muitos dos pontos na ordem de trabalhos –das alterações climáticas à desigualdade –têm uma forte repercussão, em particular, para as pessoas que vivem em áreas urbanas, que constituem 54% da população mundial. E ainda assim, os governos municipais não estarão representados em nenhuma função oficial durante os encontros G7. Isto é um erro; se o objetivo é resolver os grandes problemas mundiais, então as cidades têm de fazer parte das conversações.
Historicamente, as cidades têm desempenhado um papel marginal nos debates globais. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, nas primeiras cidades proliferava a corrupção e o sectarismo; as políticas locais eram complicadas o suficiente. Mas os atuais centros urbanos são mais fortes a nível económico e mais ousados a nível político. A determinação das cidades do século XXI em agirem no seu próprio interesse tornou-se clara no final de 2017, quando mais de 50 presidentes de câmara dos EUA comprometeram-se em respeitar os compromissos do Acordo de Paris sobre o clima de 2015 –desafiando diretamentea retirada do acordo por parte do presidente Donald Trump.
Esta semana, os representantes de Montreal e de 10 mil outras cidades de todo o mundo irão emitir uma mensagem semelhante ao G7. Irão apresentar uma declaração que inclui um conjunto diversificado de perspetivas municipais referentes aos temas principais da cimeira e incita os governos nacionais a colaborarem de forma mais próxima com os seus representantes locais. Estes requisitos e a forma como estão a ser realizados, serão uma novidade numa cimeira G7. O objetivo é tornar a exceção em regra.
No entanto, mesmo sem um lugar na mesa, muitas das megacidades mundiais –movidas por um sólido capital humano, mercados competitivos e por um apelo generalizado –já estão a trabalhar no sentido de criarem um futuro mais progressivo, inclusivo e sustentável. De Buenos Aires a Tóquio, os dirigentes das cidades estão a dar a conhecer as suas preocupações a uma escala mundial –independentemente, muitas vezes, das agendas nacionais.
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A autora e ativista urbana americana e canadiana, Jane Jacobs, constatou reconhecidamente que as cidades são os verdadeiros motores da prosperidade nacional. As cidades potencializam o crescimento através da inovação, do comércio e das trocas. E os serviços das cidades são muitas vezes mais visíveis para os cidadãos do que a ajuda federal; veja-se, por exemplo, quem é que dá resposta durante um acidente de viação ou um desastre natural.
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“Daqui a vinte anos”, disse Emanuel aos seus colegas presidentes de câmara na cidade de Nova Iorque, veremos “um ponto de inflexão onde o estado-nação está em declínio e a cidade-estado à la Singapura está a impulsionar a atividade cultural e económica”.
É claro que nem todas as cidades têm os mesmos recursos, influência ou necessidades que Chicago ou Singapura. Mas qualquer dirigente municipal pode, nos nossos dias, valorizar a importância de se estar na linha da frente da mudança. Inspirados por esta solidariedade e ligados através de redes como Metrópole, Cidades C40 e 100 Cidades Resilientes, os dirigentes municipais estão em todo o lado a tecer parcerias para criarem agendas urbanas unidas.
Em quase todas as vezes, em praticamente todas as questões importantes, os governos nacionais não estão a conseguir fornecer soluções, enquanto os dirigentes municipais continuam a inspirar confiança pública. De acordo com uma pesquisa de 2017 realizada pelo Centro de Investigação Política do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po Paris), 64% dos adultos franceses acreditam que o seu presidente de câmara local está a trabalhar mais arduamente do que o órgão executivo para resolver os problemas diários. Não há dúvida de que muitos outros habitantes das cidades sentem o mesmo.
Este é um momento oportuno para os dirigentes municipais se tornarem atores globais. Quando reuniões como a cimeira G7 são convocadas para se discutir os desafios mais difíceis do mundo, as pessoas que estão mais próximas desses desafios, que terão provavelmente as perceções mais valiosas sobre como superá-los, devem estar na sala.